Admiro a humildade das mariposas que suportam a claustrofobia do casulo, a dor da metamorfose natural, apenas para desfrutarem da breve liberdade e do calor emanado pelas lâmpadas nuas que iluminam aquilo que nasceu para ser escuro... Nós vivemos uma longa vida, repleta de tempo perdido, em um lugar chamado Engano. Gostaria de não escrever sobre isso, mas vejo uma da minha janela, fazendo círculos e círculos em volta do poste em frente a minha casa. Não percebo exitação em seus movimentos, mesmo que sejam por puro instinto. Nós precisamos de GPS para nos deslocar na cidade em que nascemos. Somos vizinhos estranhos, tão íntimos quanto a raposa e o cordeiro. Desconhecemos a paz porque temos, por natureza, um coração belicoso. Uns mais, outros menos, mas não neguemos isso, por favor, só pioraríamos as coisas. Como as mariposas, mudamos com nosso “casulo” chamado dor, mas nem sempre para melhor. Temo sair de casa e encontrar estas pessoas que se recusam a perceber que estão erradas. O trânsito mata. Uma simples discussão no trânsito, mata. Por que não circulamos, então, em volta da luz? Talvez descubramos que coisas simples e, a princípio, sem sentido possam nos proporcionar boas gargalhadas. Pessoas que sorriem com frequência são belas mariposas.
N. Schuwartz. Via +Rafaela Albuquerque
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