quinta-feira, 8 de junho de 2017

Amigos...

"Hoje resolvi procurar no dicionário uma definição para a palavra “amigo”, achando que isso talvez me ajudasse a entender algumas relações que eu ainda insistia em manter, com o pretexto de que o sentimento que deveria sustentá-las era suficiente. Em minha busca, a palavra que melhor explicou o que é a amizade foi – companheirismo.

Automaticamente, essa explicação me fez voltar os olhos para todos os últimos momentos, grandes acontecimentos e percalços que surgiram em meu caminho. Em boa parte deles, estive quase que sozinho. Em muitas passagens da minha história, não tinha quase “amigo” nenhum para apertar a mão, dizer que ia passar, que tudo ia dar certo, que a ansiedade era por um motivo bom ou que eu deveria ver o mundo com outros olhos.

Aprendi com o passar das minhas vontades de gritar silenciadas pelos travesseiros da cama, que ter amigos é muito diferente de ser só porto seguro, conselheiro ou quebrador de galhos para meia dúzia de pessoas. Amizade é compartilhar. É uma correlação. Não é uma via de mão única onde alguém só oferece tudo de si, de bom grado, e o outro suga, consome. Só lembra de que aquela outra criatura existe quando uma nova necessidade surge.

Ao longo dos anos, fui percebendo que era amigo de muita gente, mas não sentia o mesmo por quase ninguém. Consigo perder as contas dos dedos das duas mãos de quantas vezes estava precisando de um conselho, de um puxão de orelha, de um outro ouvido que me escutasse, de um colo, de umas boas risadas ou derramar duas ou três lágrimas, e revirei a lista de contatos, mas não encontrei quase ninguém que me desse a exata sensação de que eu não iria “importunar”.

Quando as relações não são mútuas o suficiente para os dois serem, de fato, amigos, é assim que a gente acaba se sentindo. Como se estivesse incomodando. Como se não fosse parte da história que compartilhamos, da rotina, dos dias, apesar da correria, do caos, dos momentos em que não conseguimos nem nos enxergar direito, quanto mais notar uma segunda presença.

Aprendi, com o passar das minhas angústias curadas com a solidão, que o fato de não ter muitos amigos sempre me foi doloroso, mas extremamente bem aproveitado para o meu autoconhecimento. Descobri coisas terríveis e uma porção de novas qualidades escondidas em mim, aprendi a me ouvir mais, a me autoaconselhar e ser mais decidido. Autossuficiente – essa é a palavra.

Não vou dizer que não sinto falta de chamar de amigo quem assim me denomina, mas aprendi a me adaptar a todas as situações. Ou à grande maioria delas. Só não consigo, de forma alguma, me adaptar a gente que só me procura quando não está bem ou precisa de algo. Eu não sou teu amigo só para isso. Espero que quando perceber, não seja tarde demais."

Matheus Rocha

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